
Ao publicar aqui o Miura pode parecer que eu também virei anti-touradas!
Não, de forma alguma!
Lembro-me de ter estudado esta obra na disciplina de português... já não sei em que ano foi, mas marcou-me! Marcou-me não sei bem porquê, afinal é uma crítica à covardia dos homens nas touradas, resumindo o papel do homem exactamente a isso: a uma covardia!
Mas não, é mais do que isso! Não se trata de uma crítica ao homem, mas de um hino ao touro...! É subtil, mas é este o cerne do poema: toda a atenção vai para o touro, numa suposição de como é que ele "pensa", o que é que ele sente! O touro bravo é um animal que vive toda a sua vida no silêncio da pastagem, até chegar ao verdadeiro destino da sua existência, que é a lide. Á parte do "bom ou mau" de uma tourada, do "certo ou errado" desta tradição que ultimamente tanta discussão tem trazido... como será que o touro se sente?
Miguel Torga é o único autor que conheço que se coloca na pele do touro! E não tanto para criticar os homens: antes para vangloriar a nobreza deste bicho, que se entrega totalmente perante um homem que, escondido em cima de um cavalo ou atrás de um fantasma vermelho, se confronta com ele.
E agora, leiam o poema com atenção... a ver se da próxima vez que forem a uma corrida não se lembram :
"Eu lembro-me sempre... não para ter pena do touro, mas para ter ainda mais respeito e admiração!"
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